Nos últimos anos, muitas empresas perceberam que, apesar dos benefícios do trabalho remoto, o modelo 100% digital trouxe desafios difíceis de contornar. Diante disso, com o amadurecimento dessas experiências, surge a pergunta: o home office ainda é sustentável para todas as empresas?
O home office, amplamente adotado durante a pandemia de Covid-19, está sendo revisado por grandes corporações como Amazon, Dell e Nubank. Nesse contexto, as preocupações com produtividade, integração das equipes e o fortalecimento da cultura organizacional estão entre as principais razões para o retorno ao trabalho presencial.
Essa mudança já impacta o mercado imobiliário, especialmente em grandes centros como São Paulo, onde a taxa de vacância de escritórios comerciais caiu significativamente, segundo a consultoria JLL, além disso, o valor médio do aluguel em regiões nobres já atinge R$ 311/m².

🚦 Por que o trabalho presencial está voltando com força? E o home office, ainda tem futuro?
Durante a pandemia, o trabalho remoto trouxe benefícios como redução de custos operacionais e melhoria na qualidade de vida dos colaboradores. No entanto, novos desafios surgiram:
- Produtividade: Uma pesquisa da Mercer Brasil aponta que 76% dos gestores têm insegurança sobre a produtividade no trabalho remoto.
- Integração de Equipes: Negócios como a D’OM, agência de publicidade, perceberam que a colaboração e o surgimento de ideias são mais eficazes no ambiente presencial.
- Cultura Organizacional: Manter o senso de pertencimento e o engajamento à distância tem sido um desafio, especialmente para novos colaboradores.
Apesar disso, o home office não está totalmente descartado. O modelo híbrido surge como uma alternativa eficiente, equilibrando flexibilidade e eficiência.
Segundo a Gupy, as vagas híbridas já superam as remotas, mostrando que empresas que souberem combinar os formatos têm mais chances de atrair e reter talentos em 2025.
Como nós fazemos?
Aqui na 2tech, adotamos o modelo híbrido como solução para equilibrar produtividade, colaboração e bem-estar dos colaboradores.
Nossa estrutura prevê três dias presenciais e dois dias remotos, com flexibilidade para que cada equipe alinhe os melhores dias junto aos gestores. Priorizamos encontros presenciais para reuniões estratégicas e momentos de troca entre diferentes áreas, pois acreditamos que grandes ideias nascem dessas interações multidisciplinares.
Além disso, reforçamos a proximidade entre líderes e equipes por meio de reuniões regulares de 1:1 e acompanhamos de perto nossos indicadores para avaliar a eficácia do modelo, essas e várias outras dicas importantes para implantar na sua operação estão na nossa recomendação de Livro do mês – Abril 2025.
Sabemos que nem todas as equipes podem adotar o formato híbrido da mesma maneira, por isso, reavaliamos constantemente a necessidade de expandir o home office ou fortalecer a presença no escritório, sempre considerando os impactos na produtividade e no engajamento.
Para manter uma comunicação eficiente, usamos o Discord com salas de áudio e texto, garantindo conexão rápida, mais alinhamento, organização e clareza entre os times.
Encorajamos clientes a buscar equilíbrio entre flexibilidade e integração, pois essa combinação fortalece a cultura organizacional, aumenta o engajamento e impulsiona melhores resultados.
Fora do Brasil, o cenário também mudou
Essa transformação na forma como as empresas enxergam o espaço físico de trabalho também tem ganhado força no cenário internacional.
Por exemplo, em Londres, onde a retomada ao presencial tem provocado a maior ampliação de escritórios desde o início da pandemia. Em 2024, 78% das empresas estabelecidas que se mudaram na capital britânica ocuparam espaços maiores — somando uma expansão líquida de 304 mil metros quadrados, segundo a consultoria Cushman & Wakefield.

Esse aumento representa um crescimento 75% superior ao registrado no ano anterior, sinalizando uma mudança de mentalidade em relação à importância do ambiente físico no cotidiano corporativo.
Essa tendência tem sido puxada por grandes players do mercado financeiro e de tecnologia, como JPMorgan, Morgan Stanley e Deutsche Bank, que passaram a revisar seus planos de redução de espaço e voltaram a investir em estruturas mais robustas e bem localizadas.
A busca por escritórios centrais, com fácil acesso ao transporte público e infraestrutura de qualidade, aumentou. Em paralelo, o número de locações acima de 450 m² bateu recordes na região mais valorizada de Londres, enquanto áreas como Canary Wharf — antes afetadas pela vacância — voltam a atrair atenção por seu custo-benefício.
O que vemos, portanto, é um ajuste fino após os extremos da pandemia: o modelo totalmente remoto mostrou seus limites, e agora muitas empresas buscam “mais e melhor” em suas sedes físicas.
A expansão dos escritórios reflete não só a necessidade de espaço, mas o desejo de promover encontros estratégicos, trocas criativas e reforçar a cultura organizacional. Mesmo com a digitalização, o ambiente físico continua essencial para o engajamento e performance das equipes, sendo um alerta importante para líderes de qualquer mercado.
Home Office é sustentável?
Bettina Schaller destaca que a mudança na relação com o trabalho é um fenômeno global, não restrito ao Brasil ou à nova geração. De fato, estamos diante de uma transformação global na forma como as pessoas enxergam suas carreiras, prioridades e bem-estar.
Há uma reavaliação do papel do trabalho na vida das pessoas, exigindo das empresas uma resposta estratégica para adaptar-se a essa mudança. O retorno ao presencial pode ser necessário em muitos casos, mas impor sem considerar as novas expectativas pode custar caro em produtividade e retenção.
Empresas que equilibrarem flexibilidade e performance, promovendo bem-estar e propósito, terão diferencial competitivo, pois isso é uma exigência do novo mercado, não apenas tendência.